CineAlter 2022 abre festival com documentário sobre Mercúrio no Tapajós

Dirigido por Jorge Bodanzky, o longa-metragem investigou casos de contaminação por mercúrio. O CineAlter 2022 acontece de 3 a 6 de novembro.
CineAlter 2022
CineAlter 2022
Cartaz Oficial de Divulgação

O CineAlter 2022 (Festival de Cinema Latino-americano de Alter do Chão) terá a exibição do filme “Amazônia, a Nova Minamata?”. O documentário do consagrado diretor Jorge Bodanzky que aborda a contaminação por mercúrio na Amazônia é a atração de abertura. O festival acontece do dia 3 ao dia 6 de novembro, na Vila de Alter do Chão em Santarém, no oeste do Pará.

Lideranças Munduruku, como Alessandra Korap Munduruku, percebendo que há algo errado com a saúde de seu povo, convidam médicos e pesquisadores para investigar se eles estão contaminados por mercúrio. O neurologista Erik Jennings e pesquisadores da FIOCRUZ fazem um diagnóstico e revelam os altos índices de contaminação por este metal pesado, tradicionalmente associado à atividade garimpeira de ouro e à destruição da floresta. No entanto, o trabalho dos médicos enfrenta resistência dos garimpeiros e até do governo brasileiro para poder apresentar os resultados aos Munduruku.

O filme faz referência ao caso de contaminação por mercúrio ocorrida na cidade de Minamata, no Japão, no final da década de 1950, quando uma fábrica despejou toneladas de mercúrio na Baia que leva o nome da cidade, o que acabou envenenando a água e os peixes consumidos pelas pessoas da comunidade local. A população sofreu sequelas seríssimas no sistema nervoso central, levando muitos à morte e à geração de crianças com má formação congênita.

O documentário “Amazônia, a nova Minamata?” investigou casos de contaminação por mercúrio, principalmente entre indígenas, no rio Tapajós e afluentes. Por isso, Alessandra Munduruku, uma das personagens do documentário, e outras lideranças, se organizam para combater as fontes dessa contaminação, garantir a saúde de seus filhos e preservar a floresta.

O CineAlter é um dos eventos mais importantes do audiovisual na Amazônia e é realizado todos os anos, na Vila de Alter do Chão. O distrito, localizado em Santarém, no oeste do Pará, é conhecido como um dos melhores destinos do turismo no Brasil. Serão quatro dias de festival com atividades de exibição e programação multicultural que envolvem palestras e rodas de conversa sobre audiovisual, cinema, música, dança e teatro, além de shows.

É uma realização do Instituto Território das Artes (ITA), Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp) em Termo de Fomento com a Secretaria de Estado de Cultura do Pará (Secult/PA) e co-realização da Associação de Atores, Autores e Técnicos do Teatro de Santarém (ATAS). Em 2021, o festival mobilizou 8 mil pessoas presencialmente e 10 mil pessoas por transmissão on-line.

“O cinema brasileiro trás de forma única para as telas problemáticas sociais diversas, denuncia e apresenta soluções, seja em documentários ou ficções. A contaminação mercurial é para nós a temática mais urgente a ser solucionada aqui no Tapajós, por isso o convite especial ao filme O CineAlter e sua ampla rede de parceiros está dentro dessa mobilização pela vida e pelos direitos humanos dos povos que habitam esse grande rio”, comenta Raphael Ribeiro, diretor do CineAlter e ativista.

Ficha técnica do documentário “Amazônia, a Nova Minamata?”

Diretor: Jorge BODANZKY;

Produtor: Nuno GODOLPHIM e João Roni GARCIA;

Distribuidor Internacional: O2Play;

Diretor Assistente: Tiago CARVALHO;

Roteiro: Nuno GODOLPHIM e Tiago CARVALHO;

Fotografia: Paulo Gambale MAKÁ;

Edição:  Bruna CALLEGARI;

Som: Marcelo PELLEGRINI e Ricardo ZOLLNER;

Trilha: David MARANHA;

Personagens principais: Alessandra Korap MUNDURUKU e Erik JENNINGS.

Sobre o diretor

Jorge Bodanzky é listado na “Enciclopédia do Cinema Brasileiro”, ao lado de Vladimir Carvalho, Sylvio Back e Eduardo Coutinho, como “o quarteto de ferro do documentário brasileiro do século XX.” É também, seguramente, o maior documentarista da realidade amazônica, onde rodou dezenas de filmes e programas de TV. Formado em cinema no Institut Fuer Filmgestaltung Ulm, inicia sua trajetória como fotógrafo e cinegrafista no final dos anos 60, em longas e documentários em 35mm e 16mm. Em dezembro de 2022 completa 80 anos de idade em plena atividade.

Outras obras de Bodanzky:

  • 1976 – IRACEMA, UMA TRANSA AMAZÔNICA, 90’. Prix Georges Sadoul – França; Encomio Taormina – Itália; Adolf Grimme Preis – Melhor filme do ano da TV Alemã.
  • 1980 – TERCEIRO MILÊNIO, 90’. Adolf Grimme Preis, Alemanha; Prêmio Cinema du Réel, França.
  • 2009 – NO MEIO DO RIO ENTRE AS ÁRVORES. Prêmio de melhor documentário – 5º Festival Internacional de Cine y Medio Ambiente de México
  • 2021 – TRANSAMAZÔNICA UMA ESTRADA PARA O PASSADO, (Brasil, 6×58´), para o canal HBO. Melhor Série Documental do Grande Prêmio de Cinema Brasileiro 2022.

Movimento Negro e Jogos Indígenas do Baixo Tapajós 

A programação do CineAlter contará com diversas manifestações em defesa da representatividade e dos povos tradicionais da Amazônia. Na sexta-feira (4), às 20h, no Centro Comunitário de Alter do Chão acontece uma Roda de Conversa com o Tema Negritude, Arte e Racismo Ambiental, com a participação da artista, escritora e acadêmica, Zélia Amador de Deus, além de integrantes do movimento negro e quilombola do Oeste do Pará. Haverá também a exibição do curta-metragem “Palmas da Liberdade”, da diretora Joyce Cursino.

No sábado (5), das 21h30 às 23h, será a vez da Noite Cultural integrada com os II JIBAT – Jogos Indígenas do Baixo Tapajós. A Praça Sete de Setembro receberá a comunidade indígena que está na vila participando da segunda edição da competição, com o apoio do Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (CITA).

No domingo (6), a cerimônia de encerramento contará com a comunidade de Alter do Chão com manifestações em homenagem ao Çairé, com os cânticos de folias e a desfeiteira.

 

Programação de Filmes e Mostras:

 

 
 
 
 
 
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Fonte: ITA

 

INFORMAÇÕES DE CONTATO

Ana Lúcia Farias

Publicitária e educomunicadora. Especialista em Comunicação e Design Digital e Responsável pelo Escritório de Comunicação dos Jesuitas do Brasil na Amazônia.

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