Destruição da Floresta Amazônica em 2023 ameaça biodiversidade e ciclo hidrológico 

Os dados refletem o aumento exponencial do desmatamento desde que as medições por satélite começaram a ocorrer em 1988 através do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Floresta e desmatamento

A área de floresta destruída na Amazônia em 2023 causa preocupação após devastação ser a segunda maior área desmatada em 16 anos. Os dados são do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgados na última semana. Ao todo, foram derrubados 867 km² nos três primeiros meses deste ano, a área só perde para o período em 2021, quando foram postos abaixo 1.185 km² de floresta. 

Os dados refletem mais uma vez o aumento exponencial do desmatamento desde que as medições por satélite começaram a ocorrer em 1988 através do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Entre 2019 e 2022, o desmatamento na Amazônia cresceu quase 60%, sendo a maior alta percentual em um mandato presidencial desde o início das medições. O período foi marcado pelo acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia Legal que foi de 10.267 quilômetros quadrados, de janeiro até 30 de dezembro de 2022, sendo a pior marca da série histórica anual do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter).  

Para tentar conter a devastação, o governo brasileiro conta com cerca de 700 fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Sendo apenas 300 funcionários em campo. Com o intuito de dar celeridade aos trabalhos de fiscalização, o órgão conta com as ferramentas de monitoramento via satélite.  

Para realizar essa medição das áreas atingidas, o Deter analisa as imagens de satélite de forma automatizada. Ele é capaz de detectar desmatamento em áreas maiores que 3 hectares tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas com exploração de madeira, mineração e queimadas. Outro método utilizado é o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), uma ferramenta baseada em imagens de satélites, desenvolvida pelo Imazon em 2008, para reportar mensalmente o ritmo da degradação florestal e do desmatamento na região. 

Apesar do histórico de avanços da tecnologia para diminuir as degradações do meio ambiente, este ano, o INPE apontou para uma situação relativamente incomum, é que mesmo com alta incidência de chuva na região amazônica, cerca de 844 km² foram alvos de devastação. Segundo a análise dos dados, o período do inverno costuma dificultar as ações de criminosos. Todavia, 42% do desmatamento previsto pela Rede de Informação Socioambiental Georreferenciada da Amazônia (RAISG) para o período de agosto de 2022 a junho de 2023, de 11.805 km², já ocorreu. 

O climatologista Carlos Nobre, idealizador da Amazônia 4.0, afirma que se o desmatamento desenfreado perdurar na Amazônia, “estaremos no limiar de um ponto de não retorno”. Segundo o cientista, “a estação seca da Amazônia pode chegar a um período bem maior do que o atual, pois já se apresentam duas estações secas por década, com intermitentes ciclos de secas e inundações, sem que a floresta consiga se recuperar, podendo chegar a emitir carbono, como já ocorre ao sul do Pará e norte do Mato Grosso”. De acordo com o pesquisador, “o impacto resultaria em menos biodiversidade, menos chuva e umidade, menor reciclagem dos ventos e chuvas e temperaturas mais altas, com mudanças do ciclo hidrológico e de carbono, além de outras perturbações, inclusive com a ameaça de emissão de bilhões de toneladas de carbono na atmosfera além do risco de pandemias.” 

De acordo com o Imazon, mais de 600 áreas de proteção estão sob risco de desmatamento na Amazônia em 2023. As mais ameaçadas são as unidades de conservação, onde 1.357 km² de floresta correm risco de serem derrubados. Em seguida estão as terras indígenas, com 433 km², e os territórios quilombolas, com 16 km². 

 

A devastação nos estados da Amazônia Legal 

O estado do Amazonas lidera a alta incidência de desmatamento neste ano. Segundo o Imazon, no estado a devastação passou de 12 km² em março de 2022 para 104 km² em março de 2023, uma alta de 767%. De acordo com o relatório, a derrubada tem se concentrado no Sul do estado, na divisa com Acre e Rondônia, uma região de expansão agropecuária chamada de Amacro. É lá que está localizado Apuí, o município que mais desmatou a Amazônia nos últimos meses. Além disso, ficam localizados no estado seis dos 10 assentamentos que mais desmataram na Amazônia. Juntos, eles concentram 40% de toda a derrubada ocorrida nesse tipo de território na região. 

Atualmente, o segundo estado que mais desmata é o Pará, que concentra 27% de toda a derrubada na região com 91 km ², em seguida Mato Grosso com 86 km ² e Roraima com 28 km ².   

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ascom

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