Fotografia de Boto da Amazônia vence concurso internacional

A imagem do boto-cor-de-rosa, venceu o concurso Underwarter Photographer of the Year e sinaliza para ameaça da extinção da espécie.
boto da amazonia

boto - Kat Zhou

Fotografia premiada “Boto Encantador”, by Kat Zhou

 

Batizada pela fotógrada Kat Zhou com o nome “Boto Encantado”, a imagem do boto-cor-de-rosa ou como é denominado pelos especialistas de boto vermelho, venceu o concurso Underwarter Photographer of the Year. A premiação que ocorre anualmente, faz o reconhecimento do trabalho de alguns dos melhores fotógrafos subaquáticos do mundo.  

A escolha do título da imagem foi baseada na lenda contada pelos moradores da Amazônia. Segundo a estória, os botos podem se transformar em belos homens conhecidos como “boto encantado” que seduz as mulheres durante a escuridão da noite.  

A autora da foto utilizou do espaço na mídia para alertar sobre as ameaças que esses animais sofrem. “Existem apenas seis espécies existentes de botos no mundo, e todas elas estão ameaçadas de extinção ou criticamente ameaçadas. Todos os botos enfrentam pressões semelhantes, incluindo poluição e projetos de desenvolvimento em grande escala que alteram os fluxos dos rios e perturbam os ecossistemas locais”, disse Kat.  

 

A lenda  

O boto-cor-de-rosa é conhecido principalmente por ser um dos maiores personagens do folclore brasileiro, mais comum na região Norte. De acordo com a lenda, durante o período de festividades no mês de junho, o boto se transforma em um homem bonito e atraente, que seduz mulheres das comunidades ribeirinhas durante as festas. Ele veste roupas e sapatos brancos e um chapéu que oculta o topo de sua cabeça, que disfarça as narinas do boto. As mulheres atraídas por seus encantos deitam-se com o animal em forma de homem. Conta-se que quando uma mulher engravida e não se sabe quem é o pai da criança trataria-se de um filho ou filha do boto. 

Também é comum ouvir em comunidades ribeirinhas da Amazônia que a mulher em seu período de fertilidade não pode se aproximar do rio ou banhar-se nele, pois logo aparece um boto atraído por ela. Diz a lenda que o animal a leva para o fundo do rio. 

Mais do que uma lenda, o boto-cor-de-rosa ou boto vermelho é parte essencial da fauna brasileira e a maior espécie de golfinho fluvial nos rios amazônicos, os animais podem chegar a 2,5 metros de comprimento e pesar até 200 quilos. 

 

A espécie em ameaça 

O boto-vermelho está no topo da cadeia alimentar e não possui predadores naturais. Em alguns casos o jacaré ou a onça, caso esteja ferido ou debilitado, podem vir a ameaçá-lo, mas de um modo geral ele não tem predadores. O único predador direto é o homem e suas redes de pesca, pois tanto o boto quanto os homens buscam nos rios o mesmo recurso: os peixes. 

O animal é uma espécie classificada como em perigo de extinção e está na lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais. Estudos realizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) mostram que desde 2000 a população de botos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (RDSM), uma área protegida no Amazonas, teve uma redução drástica no número da espécie vista no local. Um montante de 65% da população de boto desapareceu.    

Divulgado a cada dois anos pelo grupo WWF, o Relatório Planeta Vivo revela que os botos são vítimas de captura não intencional em redes e também propositais. Essa última utiliza o boto como isca para a pesca da piracatinga, também chamada de mota ou douradinha. Inclusive esse é um dos principais motivos pelo desaparecimento da espécie.  

Também houve reduções do animal de maneira significativa na região que inclui o Vale do Javari, onde o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram assassinados justamente pelo combate a pesca ilegal numa região ocupada em grande maioria pela população indígena. 

 

Leis 

O boto-vermelho é um animal protegido pela lei federal 11.977 de 2005. Por isso, é proibido ameaçar, caçar, capturar ou molestar qualquer espécie de mamíferos aquáticos em águas brasileiras, tanto marinhos quanto fluviais. 

Para assegurar a preservação da população dos botos na Amazônia, o governo federal também prorrogou até julho de 2023 a moratória que consiste na proibição da pesca e comercialização da piracatinga, peixe responsável pela pesca predatória do boto.  

Outra lei de n° 5197/67, alega que os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha. 

 

 

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Luciana Cardoso

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