Hoje (4), quando a Igreja celebra o ofício litúrgico de São Francisco de Assis, em Roma (Itália), inicia a primeira sessão da XVI Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos. Além do Papa Francisco, serão 364 membros e outros 100 convidados, entre assistentes, especialistas, facilitadores e colaboradores da Secretaria Geral do Sínodo presentes nesse encontro. Grandes defensores da Amazônia como o Cardeal Leonardo Steiner (arcebipo da Arquidiocese de Manaus) e Pe. Adelson Araújo, SJ, fazem parte desse seleto grupo.
Desde o último dia 30 até à noite de ontem (3), os participantes estiveram de retiro em preparação a esse forte momento da Igreja Católica Apostólica Romana. Antes, também participaram da Vigília Ecumênica na Praça São Pedro. A Assembleia acontece até o dia 29 de outubro.
Um dos diferenciais dessa reunião dos bispos que traz como tema a sinodalidade (caminhar juntos), trata-se da presença de um grupo de mulheres eleitoras. Pela primeira vez na história do sínodo, desde que foi instituído pelo Papa Paulo VI em 1965, será a primeira vez que as mulheres terão direito a voto em um sínodo. Anteriormente, elas só foram autorizadas a atuar como auditoras.
Alguns temas que preocupam a ala mais conservadora da Igreja são relacionados ao tratamento aos divorciados e aos fiéis da comunidade LGBTQIA+.
O que é um sínodo?
A Santa Sé define o sínodo, em termos gerais, como uma assembleia de bispos que representa o episcopado católico e tem como tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja universal dando-lhes o seu conselho. O objetivo é buscar soluções pastorais que tenham aplicação universal a partir do que se discute como tema.
Atualmente, o Papa Francisco tem feito um esforço para uma escuta mais abrangente, por isso o sínodo agora também envolve outros fiéis católicos no processo e não só os bispos.
Missa de Abertura da XVI Assembleia
Na manhã, em Roma (Itália), ainda madrugada no Brasil, o Papa Francisco celebrou a missa com o colégio cardinalício e foi acompanhando também de outros fiéis que puderam participar da celebração eucarística realizada aberta ao público, na Praça São Pedro.
Em sua homilia, o pontífice fez um apelo aos participantes da Assembleia para que não tratem este momento do Sínodo sobre sinodalidade como um jugo pesado, cheio de desconfiança e negou a comparação ao Sínodo como “uma reunião parlamentar”, antes pede o “caminhar juntos com o olhar de Jesus.”
Proclama: Queridos Cardeais, irmãos Bispos, irmãs e irmãos, estamos na abertura da Assembleia Sinodal. E não nos ajuda um olhar imanente, feito de estratégias humanas, cálculos políticos ou batalhas ideológicas. Não estamos aqui para realizar uma reunião parlamentar nem um plano de reformas; não é para isso.O Sínodo, queridos irmãos e irmãs, não é um parlamento. O protagonista é o Espírito Santo. Não estamos aqui para fazer um parlamento. Estamos aqui para caminharmos juntos com o olhar de Jesus, que bendiz o Pai e acolhe a quantos estão cansados e oprimidos.”
Ao final de sua homilia, lembra que o sínodo é um lugar de “graça e comunhão”, exortando a todos a invocaram o Espírito Santo, a quem ele intui como o “protagonista” da Assembleia Sinodal.
Como é a metodologia do Sínodo
Os trabalhos alternam entre análises e sínteses pautados pela Lineamenta, um documento que apresenta os temas principais do sínodo e se traduz posteriormente no documento de trabalho (Instrumentum laboris) do sínodo, que é o ponto de referência durante a Assembleia Sinodal. A dinâmica proposta permite a verificação dos resultados das análises feitas, além do exame e surgimento de novas propostas. Esse mesmo documento, depois de refletido e ponderado, subsidia o Papa para a elaboração da Exortação Apostólica Sinodal que resume as conclusões com o documento final do processo que foi construído.
Proposto em cinco módulos, a Assembleia se debruça nos quatro primeiros sobre as diferentes partes do Instrumentum laboris e depois na sessão de conclusão para discutir e aperfeiçoar o relatório e a síntese.
Instrumentum Laboris
O documento de consulta foi publicado na segunda quinzena de junho, tem, aproximadamente, 60 páginas e, é construído a partir de duas macro seções que trazem uma visão mais abrangente sobre sinodalidade. Na seção A, se destaca a experiência do processo e caminho sinodal dos últimos dois anos, além de apontar o caminho a seguir para se tornar uma Igreja cada vez mais Sinodal. A seção B, destaca as três questões prioritárias da Assembleia: crescer em comunhão, reconhecer a contribuição das pessoas batizadas em vista da missão e, identificar estruturas e dinâmicas no tema da governança para articular maior participação para uma Igreja sinodal e missionária. Assim, as palavras Comunhão, Missão e Participação norteiam as reflexões.