Mais uma menina Yanomami perde o direito à vida na Amazônia

Presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, denuncia o caso.

Foto: Júnior Hekurari (Divulgação). Comunidade Aracaçá.

No mês de maio, o dia 18 é uma data que faz alusão ao combate ao Abuso e à Exploração Sexual de crianças e adolescentes, instituída pela Lei Federal 9.970/00 que demarca a luta pela garantia dos direitos humanos a uma infância e adolescência segura e protegida. A data se aproxima e mais motivos são amplamente conhecidos na grande mídia que reafirmam a necessidade de informar e convocar toda a sociedade a participar dessa luta. Ontem à noite (25), uma menina Yanomami morreu após sofrer violência sexual por parte de garimpeiros. A vítima pertencia à comunidade Aracaçá, na região de Waikás, uma das mais atingidas pelo garimpo ilegal na Terra Yanomami, em Roraima.

Em vídeo que circula nas redes sociais, o Presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, denuncia o caso. Segundo o relato, os garimpeiros invadiram a comunidade e estupraram a adolescente, o que ocasionou seu óbito. O corpo da menina Yanomami está na comunidade Aracaçá. Além disso, há outra criança desaparecida.

  Vídeo do Presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami:

O problema ambiental que vive o território dos Yanomami não é de hoje, mas vem se alastrando conforme dados do Relatório Yanomami sob ataque, divulgado no último dia 11, que apontou um crescimento do garimpo de 46% na terra indígena em relação ao ano de 2020. No mesmo documento já havia sido denunciado a violência sexual contra meninas Yanomami. O que provoca a discussão daquilo que o Papa Francisco já levantava na sua encíclica Laudato Sí (139) para refletir:

 

“Não há duas crises separadas: uma am­biental e outra social; mas uma única e comple­xa crise socioambiental.”

 

A Terra Indígena Yanomami é maior reserva indígena do Brasil e 98% do território é alcançado somente por via aérea. Na Amazônia Brasileira ela está localizada entre os estados de Roraima e Amazonas, aproximadamente 30 mil indígenas vivem na região, divididos em 366 aldeias, duas etnias e falam cinco línguas, de acordo com informações do Distrito Sanitário Especial Yanomami.

Para chegar na comunidade Aracaçá onde a menina Yanomami foi duramente violentada é necessário 1h15 de voo saindo de Boa Vista – RR, depois mais 30 minutos de helicóptero ou 5 horas de barco. O Indígena e Presidente da Condisi-YY que denunciou o caso, segue para comunidade na quarta –feira (27 de abril) para apurar melhor os fatos e buscar o corpo da vítima do abuso sexual para fins de laudo médico.

Em nota divulgada no último dia 18, o Comitê Nacional de Enfrentamento a Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, a ANCED (Associação Nacional dos Centro de Defesa da Criança e do Adolescente), o Fórum Nacional dos Direitos de Crianças e Adolescentes e outras redes, já haviam se posicionando repudiando os crimes hediondos contra a violência sexual de mulheres e crianças e todo histórico de sofrimento que o povo Yanomami tem passado. Confira à integra da Nota aqui.

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Ana Lúcia Farias

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