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Uma pesquisa com o propósito de incentivar estudos sobre saberes amazônicos relacionados ao conhecimento popular, já é realizada na Amazônia. O estudo visa garantir que os aprendizados milenares adquiridos durante séculos passados não sejam perdidos com o passar do tempo, além de identificar novos fármacos baseados na experiência popular.
O estudo realizado por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), é coordenado pela pesquisadora Elzalina Ribeiro Soares, e está sendo desenvolvida no Centro de Estudos Superiores do município de Tefé. A iniciativa é fomentada pelo Programa Fapeam: Mulheres na Ciência.
Entre as espécies de plantas analisadas pela pesquisa, estão: Costus spicatus, popularmente conhecida como “pobre velho”, muito usada no tratamento de infecção urinária e para qualquer tipo de inflamação; a Bauhinia rutilans Spruce, conhecida como “escada de jaboti”, atua no tratamento de verminose; e Petiveria alliacea, comumente chamada de “mucuracaá”, sobre a qual descreve-se que o chá de suasfolhas é usado no tratamento de infecção, dores nas costas, rim, gastrite e gripe.
A coordenadora da pesquisa ressalta que o estudo além de contribuir com o conhecimento químico das famílias Costaceae, Fabaceae e Phytolaccaceae, por meio das análises dos extratos aquosos e frações aquosas das espécies Costus sp, Bauhinia rutilans Spruce e Petiveria alliacea, respectivamente, também é uma oportunidade de encontrar e manipular novos medicamentos para a cura de várias enfermidades conhecidas e outras que poderão surgir na região amazônica.
“A proposta apresenta estudos fitoquímicos de plantas medicinais utilizadas no município de Tefé, visando entrelaçar o conhecimento empírico dos ribeirinhos com novas técnicas de análises químicas e por ferramentas de modelagem molecular. Assim, é possível identificar novos fármacos baseados no conhecimento popular da região Amazônica”, disse Elzalina Ribeiro.
Saberes Milenares na Amazônia
De acordo com a pesquisa, boa parte do conhecimento das populações nativas se dissipou pela ação dos exploradores, mas apesar disso, em termos de resistência e resiliência, uma considerável parte de tais conhecimentos foi preservada, ressignificada ou recriada, diante das necessidades físicas ou espirituais que as coletividades sentem em seu contexto natural e cultural, e de novos paradigmas. Um dos fatores que permitiu a sobrevivência do sistema amazônico sustentável e medicinal foi a cosmovisão dos povos da floresta, habitantes da região, por meio da compreensão epistemológica acerca dos elementos da natureza.
Essas populações são conhecedoras dos ciclos naturais, das plantas medicinais, sabendo qual o melhor período para plantar e colher, qual tipo de habitação é a mais eficiente para o equilíbrio da temperatura, qual o melhor tempo para caça e pesca, como usar a terra respeitando sua disponibilidade nutricional, etc.
Fonte: FAPEAM