Primeira assembleia da CEAMA fortalece compromisso com a Amazônia e os pobres 

Instituições fundadoras e representantes da região pan-amazônica se reuniram em Manaus para a primeira assembleia presencial da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), consolidando o compromisso sinodal da Igreja com a defesa da casa comum e dos mais vulneráveis. 
Primeira Assembleia da CEAMA fortalece compromisso com a Amazônia e os pobres 

Foto: Divulgação/Vatican News

Entre os dias 8 a 11 de agosto, líderes e representantes de diversas regiões da Amazônia participaram da histórica primeira Assembleia presencial da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), em um evento marcante que reafirmou a dedicação da Igreja à proteção do meio ambiente e ao auxílio aos menos favorecidos. A assembleia ocorreu em Manaus (AM) e teve como destaque o fortalecimento da identidade e missão da CEAMA como um rosto amazônico e sinodal de uma Igreja em saída. 

O encontro contou com a presença das Instituições fundadoras: Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), Confederação Latino-Americana dos Religiosos (CLAR), Cáritas América Latina e Caribe e Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM). O Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral foi representado por seu prefeito, o cardeal Michael Czerny, SJ. Alguns assessores e representantes de outras instituições aliadas da Igreja na Amazônia participaram como convidados.  

A assembleia marcou um momento significativo, pois ocorreu após a aprovação dos estatutos da CEAMA pelo Papa Francisco.  

Em Comunicado Final da assembleia, os membros ressaltaram a importância de continuar escrevendo uma nova fase para a Igreja da Amazônia, inspirados pelas conclusões e propostas do Sínodo Especial sobre a Amazônia e por reconhecerem a importância de suas raízes históricas desde 1972. 

Durante os quatro dias de assembleia, foram abordados desafios cruciais que a CEAMA busca enfrentar em sua jornada. Entre eles, destacam-se a rejeição ao magistério do Papa Francisco em certas áreas, o combate ao clericalismo e a defesa dos territórios dos povos indígenas contra crimes cometidos contra a vida e o ecossistema amazônico. Os participantes expressaram a necessidade de aprender e desaprender com os povos da Amazônia, a fim de responder efetivamente aos desafios da região. 

O comunicado também denunciou a falta de ações efetivas por parte de políticos para lidar com a crise socioambiental na região e solidarizou-se com o povo equatoriano diante de um contexto de violência. Os membros da CEAMA reiteraram a importância de enfrentar as ameaças ao bioma Amazônia e apoiaram a proteção do Parque Nacional Yasuní, no Equador, contra a exploração petrolífera. 

Os participantes enfatizaram a necessidade de uma comunicação mais clara entre a CEAMA, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), as Conferências Episcopais e outras entidades, visando uma ação coordenada e eficaz. A assembleia ressaltou a importância de caminhar em harmonia e sinergia, promovendo a escuta, o diálogo e ação conjunta. 

Para a Ir. Irene Lopes, da comissão episcopal para a Amazônia da CNBB, a assembleia permitiu um cenário de convivência e escuta enriquecedor, junto da presença de vários representantes indígenas. “Foi gratificante ver e ouvir os povos amazônidas presentes, que puderam colocar as suas dores, suas alegrias, e também a satisfação de estar participando da conferência. Uma caminhada bastante rica, que nos ajudou muito na reflexão de continuar pensando nessa igreja com rosto amazônico”, relata a Irmã. 

Mauricio Lopez, vice-presidente da representação do laicato da CEAMA, ressalta a importância da criação do corpo apostólico e o discernimento em comum do caminho feito nos últimos anos para definir alguns horizontes. “Pudemos estabelecer algumas estratégias para frente, que tem um olhar especial voltado para o território, de chegar ao território, presentear o que se ama e como acompanhar algumas prioridades”, comentou Mauricio. 

Ele sublinha o desejo de tornar realidade o rosto amazônico e sinodal da Igreja, sempre em saída e em movimento, tal como a importância e o protagonismo das mulheres cada vez mais presente: “Estamos atentos as questões de ministerialidade na igreja amazônica, o papel da mulher e a ministerialidade particular da mulher, o rito amazônico, as questões específicas pela formação em chave intercultural e também da identidade intercultural da Amazônia.” 

A CEAMA ratificou o cardeal Pedro Barreto, SJ, como presidente e três dos vice-presidentes, Patrícia Gualinga, representante dos povos indígenas; a Ir. Laura Vicuña Pereira Manso, representante da Vida Religiosa; e Mauricio López Oropeza, em representação do laicato. Representando os presbíteros e diáconos, foi eleito o padre Zenildo Lima, que substitui o cardeal Leonardo Steiner.  

A assembleia culminou na renovação da missão da CEAMA como um agente ativo na luta pela justiça social e ambiental na região amazônica e além dela. 

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Felipe Moura

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