Com o propósito de discutir, formar e construir meios para fortalecer a Campanha da Fraternidade 2023 em alusão à erradicação da fome, a Paróquia Santa Luzia, em Porto Velho (RO), realizou entre os dias 08, 09 e 10, a sua Semana de Formação anual com o tema: “Sedes minhas testemunhas até os confins da Terra.” (At 1,8).
Para os três dias de encontro, o evento contou com os seguintes formadores: a professora da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Odete Alice Marão, que falou acerca dos objetivos da Campanha da Fraternidade 2023; o coordenador arquidiocesano das pastorais, Pe. Geraldo Siqueira de Almeida, responsável por ministrar o tema “Fratelli e Tutti”; e o Arcebispo de Humaitá-AM, Dom Antônio Fontinelle, com o assunto “Sinodalidade, Participação e Missão”.
No primeiro dia do encontro, a docente Odete Marão ressaltou o envolvimento dos fiéis na campanha, uma vez que o lema de 2023, “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16), remetendo a fome no país, propõe inúmeros desafios para a Igreja no Brasil. “É muito bom ver essa igreja que promove essa capacitação para os leigos e os leigos respondem ao chamado da igreja pro povo de Deus”, declarou.
Com o propósito de não apenas discutir sobre os problemas da fome no país, o Pe. Geraldo Siqueira incentivou durante a palestra, a busca de soluções. “É criar uma cultura do encontro, superando a violência, o ódio. Acima de tudo: a proximidade. Superar a mentalidade de sócios, é um convite a fraternidade universal”, disse ele.
Ainda durante o encontro, o Arcebispo Dom Antônio Fontinelle, disse que a importância da capacitação reflete no desenvolvimento de um diálogo que visa melhorar a unidade da igreja. “É uma oportunidade de encontrar tanta gente, para assumir a missão da nossa igreja, para que a igreja seja próxima das pessoas, para que a igreja seja misericordiosa, servidora, missionária a serviço da vida”, ressaltou.
Assumida pelas Igrejas Particulares no Brasil, a Campanha tornou-se expressão de comunhão, conversão e partilha. Comunhão na busca de construir uma verdadeira fraternidade; conversão na tentativa de deixar-se transformar pela vida fecundada pelo Evangelho; e a partilha como visibilização do Reino de Deus que recorda a ação da fé, o esforço do amor, a constância na esperança em Cristo Jesus.
Campanha Fraternidade 2023
A campanha aborda a problemática da fome e exige ações concretas e urgentes para superá-la. Ao lançar o apelo aos discípulos, missionários, discípulas, missionárias de Jesus Cristo, a comunidade eclesial, autoridades e pessoas de boa vontade reforçam a importância da temática.
Além de buscar a sensibilização da sociedade e da Igreja para que o flagelo da fome seja enfrentado, a Campanha realça com objetivos específicos a compreensão da realidade da fome à luz da fé em Jesus Cristo, visando o aprofundamento de suas causas fazendo a acolhida pelo imperativo da Palavra de Deus em vista da corresponsabilidade fraterna por meio do reconhecimento de muitas iniciativas comunitárias e sociais em favor de superá-la.
A Fome
Com os impactos da pandemia do Coronavírus, o retrato da fome ficou ainda mais evidente. Na Região Norte, mais de dois mil domicílios vivem com insegurança alimentar. Em Rondônia, por exemplo, a realidade assusta: de 2017 a 2018, eram 207 domicílios que viviam essa insegurança, em níveis leves, moderados ou graves. E quando a esperança era a única coisa que restava, mortes por desnutrição também entraram em cena: 137 mortes, de 2016 a 2020.
Na capital do Amazonas, o número de pessoas que vivem na pobreza chega a 445 mil, ou seja, uma em cada cinco pessoas vivem na miséria em Manaus. Os dados são do relatório da organização mundial Aldeias Infantis SOS, emitidos em junho de 2022.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), no relatório de 2022, afirma que na Amazônia tem 9 milhões de lares sem condições de comprar cesta básica. Outro estudo da UNICEF aponta que quase 30% da população brasileira vive insegurança alimentar moderada ou grave no país.