Brasília-DF, foi sede do 1º Seminário da Coalização das Religiosas e Religiosos das Nações Unidas pela Justiça – JcoR, realizado entre os dias 30 de abril e 4 de maio. O evento ocorreu na Casa Dom Luciano Mendes de Almeida, nas dependências do Centro Cultural Missionário.
O Seminário ressaltou a importância da união em prol da justiça e da igualdade frente a transformação global. Cerca de 190 pessoas participaram dos dias de formação, reflexão e análises das causas da pobreza e justiça social. Representantes de diversas confissões religiosas estiveram presentes, trocando experiências e reafirmando o compromisso de luta e defesa por um mundo mais justo. Entre eles, o Diretor do Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental – SARES, Sílvio Marques, SJ, Erick Carballo e Ir. Cláudia Matos, da Equipe Itinerante, que atuam na Preferência Apostólica Amazônia – PAAM.
Mas, o que é de fato a JcoR, a idealizadora do evento, e qual sua importância?
Ela é a coalisão de religiosos e religiosas católicos e seus parceiros que defendem causas importantes para um desenvolvimento sustentável na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. A iniciativa em rede, visa melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem na pobreza e colaborar com a gestão responsável do ambiente natural por um futuro sustentável para o planeta. Aproximadamente, fazem parte 200 congregações que são representadas coletivamente por 30 organizações não governamentais credenciadas na ONU. Juntas buscam solicitar justiça para os empobrecidos, colaborar com a superação das causas que estão na raiz do desenvolvimento insustentável e promover a igualdade de direitos com horizonte na implementação justa dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Com o apoio da Conferência Nacional dos Religiosos do Brasil (CRB) e da Conferência dos Religiosos da América Latina e Caribe (Clar), a JCoR convidou a vida religiosa, leigos, sacerdotes e parceiros ministeriais no Brasil para participar deste evento que teve como eixos temáticos: Mulher, Sinodalidade, Criação, Identidade e Horizonte, com reflexões a partir do tema “A justiça no coração da transformação global” rumo a mudança sistêmica e advocacia política.
Na oportunidade, a Presidente da CRB, Ir. Eliane Cordeiro, destacou a importância do evento para a vida consagrada: “Foi muito intenso! … Os encontros, trabalhos de grupo, as celebrações”, mas a CRB não deseja ter “uma vida religiosa acomodada.”
“Queremos ser uma vida religiosa a serviço dos mais pobres, dos mais vulneráveis e esse encontro revigorou o nosso desejo e o nosso empenho em ser esse presente de Deus para a nossa Igreja”, comentou ela.
A iniciativa também reforçou o caráter sinodal da proposta, ou seja, de caminhar juntos para a superação das desigualdades e o fortalecimento da justiça em sintonia com os ODS. De acordo com o Pe. Gabriel Naranjo, coordenador da JcoR na América Latina, a iniciativa provocou de forma concreta para “a participação, o diálogo e a escuta”.
Para ele, esta é uma experiência sinodal que se expande, pois se conectam visões da realidade contemporânea que são refletidas, analisadas e interpretadas numa tentativa de compreender “o que tem a ver com o sistêmico e dizer em que estado está o sistema da sociedade em que vivemos”. O que ajuda nos discernimentos de ações socioambientais não só dos que participaram do seminário, mas de interpelar comunidades e instâncias eclesiais também, colaborando com um espírito “renovador e libertador” em ação conjunta, esclareceu Naranjo.
A formação política, a participação em fóruns públicos, a defesa e o trabalho de transformação foram horizontes ressaltados pelo Jesuíta e Diretor do SARES, Sílvio Marques, ao relatar a sua experiência no Seminário. Pois, segundo ele “além do evento favorecer o reencontro de militantes das causas socioambientais, podemos pôr em tela as situações críticas de nossas regiões, no caso da Amazônia a ameaça ao território e as migrações, e reafirmar nosso compromisso, como Companhia de Jesus, na construção de uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna. ”
Erick Carballo, da Equipe Itinerante que atua na Pan-Amazônia, revelou que é “preciso lembrar que tudo está conectado”. Então, faz um apelo a todos as pessoas para trabalharem juntas, pois para ele é necessário e urgente “trabalhar pela justiça para que os povos tenham vida e vida em abundância”. Pontua ainda que “cuidar da Casa Comum passa justamente pelo apelo da justiça.”
O evento também propôs um espaço para as mulheres de diferentes realidades, países e etnias, apresentarem suas lutas e reinvindicações. Além disso, trouxe à tona situações comuns enfrentadas pela população mais empobrecida como falta de moradia, concentração de terras, racismo, entre outras coisas.
Os participantes do Seminário da JcoR no Brasil encerraram esses dias de encontro e reflexão com uma carta, na qual reafirmam o compromisso com a Justiça e a Paz.
Mensagem Final da JcoR