Entre os dias 28 e 30 de agosto, a Casa de Retiros Ir. Vicente Cañas, em Manaus, acolheu a Caravana de Direitos Humanos. O evento, promovido pela Arquidiocese de Manaus, Comissão Pastoral da Terra (CPT) Regional Amazonas, Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares) e a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), focou na discussão sobre a implementação dos direitos humanos na região amazônica.

Durante os dois primeiros dias, os participantes abordaram os desafios enfrentados pela população amazônica, tanto históricos quanto atuais. Pe. Sandoval Alves Rocha, SJ, coordenador do Núcleo Apostólico Manaus e do Fórum das Águas, destacou a importância do evento para aumentar a conscientização sobre os direitos humanos na Amazônia e no Brasil. “O Brasil, especialmente a Amazônia, enfrenta desafios significativos na implementação dos direitos humanos. É essencial que haja mobilização e maior consciência da sociedade para pressionar o Estado a agir mais efetivamente nessa área”, afirmou. Ele acrescentou que “nossa democracia é recente, e ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que a população viva de forma digna com o apoio legal e do Estado.”
Pe. Adriano Luís Hahn, SJ, coordenador de projetos do Sares, enfatizou a relevância da espiritualidade na Amazônia. “O Sares valoriza as diversas espiritualidades, especialmente as indígenas, que frequentemente são ignoradas ou subestimadas devido a preconceitos e processos coloniais.”
Lançamento da 38ª Edição da Publicação “Conflitos no Campo Brasil”
O evento culminou com o lançamento da 38ª edição da publicação “Conflitos no Campo Brasil”, promovida pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) Regional Amazonas, no dia 30 de agosto. A publicação oferece um panorama detalhado dos conflitos agrários ocorridos em 2023 no Brasil, com foco na região amazônica.
De acordo com o relatório, o estado do Amazonas registrou 96 conflitos por terra, afetando mais de 75 mil pessoas. Os principais problemas enfrentados incluem despejos forçados, ameaças de expulsão e invasões de territórios. Em relação aos conflitos por água, a Terra Indígena Vale do Javari enfrenta problemas com pesca predatória e poluição, enquanto a TI Gavião Real enfrenta ameaças de projetos de exploração de gás natural.
Os dados destacam a Amazônia Legal como uma das regiões mais afetadas por conflitos agrários no Brasil, com Pará, Maranhão e Rondônia entre os cinco estados com mais registros de conflitos, representando uma grande parte das 810 ocorrências na região Norte. A publicação está disponível em versão impressa e online, sendo uma ferramenta importante para a compreensão dos desafios enfrentados pelas comunidades rurais e indígenas no Brasil.



