Cpal RSAI promove encontro “Abya yala: Extrativismo, mulher e resistências” em Manaus (AM)

Encontro da Rede de Solidariedade e Apostolado Indígena da Conferência dos Provinciais da América Latina e Caribe (Cpal) foi realizado na Casa de Retiros Ir. Vicente Cañas entre os dias 16 e 20 de setembro. Confira a mensagem final.

Reunimo-nos irmãs e irmãos das nações originárias Wapichana, Warao, Apurinã, Omagua Kambeba e Sateré-Mawé do Brasil; Awajún, Wampís, Ashaninka e Quechua do Peru; Aymará e Quechua da Bolívia; Kichwa do Equador; Mapuche do Chile e da Argentina; Guarani do Paraguai; Wayuu da Venezuela; Wapichana e Arawak da Guiana; Mestizo do Panamá; Maias Mam e K’iche’ da Guatemala; Rarámuri, Otomí-Ñuhü, Popoluca, Tzeltal e Nahuatl do México; jesuítas que caminham com esses povos e organizações aliadas como Canadian Jesuits International (CJI) e Alboan, no encontro dos Rios Negro e Solimões em Manaus, Brasil, onde duas correntes se juntam para conceber a grande irmã Amazônia que dá vida a todas e todos. Da mesma forma, unimos nossos pensamentos e nossos corações para tocar as feridas que continuam a ser causadas às nossas culturas e à nossa Mãe Terra pelas companhias estrangeiras com seus projetos extrativistas de morte. Feridas ainda mais dolorosas pela coalizão de nossos próprios governos corruptos, líderes vendidos e igrejas insensíveis diante da dor dos nossos povos e de nossa Casa Comum. Sobretudo, são as mulheres que sofrem diferentes formas de violência, desde a pouca participação na tomada de decisões de suas próprias comunidades, até a perda da vida por defender seus territórios. Da mesma maneira, vemos com preocupação a ausência de representantes dos povos originários nos congressos que discutem as políticas públicas que impactam a vida de suas comunidades.

Fomos formados no mesmo ventre de nossa Mãe Abya Yala, temos cordões umbilicais comuns que nos unem a uma espiritualidade que nos manda ver, saborear e tocar a vida de nossos povos, não apenas através da escuta e da palavra, mas abraçados ao nosso coração, ao nosso ser corpo e ao nosso ser terra e água. Por isso, reafirmamos nosso compromisso de dar visibilidade às lutas e resistências das mulheres indígenas, porque nossas florestas e montanhas, nossos territórios e nossas águas têm rosto de mulher, que resiste com sabedoria a todos os ataques das estruturas de dominação, violência e injustiça.

Nestes dias de encontro, também constatamos as lutas de resistência que as mulheres indígenas realizam com a ternura de nossa rebeldia, que continua a apontar a injustiça que nos destrói e tenta nos exterminar. Mas, nesse caminho, temos a força da espiritualidade herdada de nossas ancestrais. É uma espiritualidade viva que nos fala de maneira imperativa para despertar nossas consciências e nos dá a ternura para nos comprometermos nessa luta comum dos povos originários, que querem construir outro mundo possível para nossas filhas e nossos filhos. Ela é a guia nos processos de nossa resistência. Nos manda e nos ordena ouvir, acompanhar e nos deixar acompanhar por nossos povos. Nos manda fortalecer nossas articulações com redes e organizações, fazendo alianças como grande nação Abya Yala para defender nossos territórios e a Mãe Natureza que neles habita. Nossa espiritualidade é também como a voz de nossos avós que nos falam com ternura e carinho, nos dão força e energia para seguir lutando pelo Sumaj Kausay, nos dá Sabedoria para que, com um só pensamento, uma só voz e um só coração, lutemos para resistir e persistir para sobreviver como nações originárias.

Encerramos nosso encontro obedecendo aos mandatos de ouvir e dar espaço às mulheres. Nos comprometemos, como povos originários, a manter viva nossa cosmovisão, abraçar nossa espiritualidade para não sermos derrotados, acompanhar-nos nas lutas sem deixar as mulheres de lado, continuar a luta pela defesa e demarcação de nossos territórios como salvaguarda diante das ameaças do extrativismo.

Jallalla Povos Originários…! Jallalla Povos de Abya Yala…!

Casa de Retiros Irmão Vicente Cañas, S.J.

Manaus, Brasil. 20 de setembro de 2024.

Baixe a mensagem final do encontro:

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Fonte: Conferência dos Provinciais da América Latina e Caribe (Cpal)

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ascom

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