Entre os dias 2 de outubro e 6 de novembro de 2024, o Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (SARES), em parceria com a Faculdade Católica do Amazonas, realizou o Curso de Extensão Direito Humano à Água na Amazônia, abordando um dos temas mais urgentes da atualidade. A iniciativa reuniu lideranças comunitárias, acadêmicos, ativistas e agentes pastorais em um formato online, com aulas semanais.
O curso, que teve como principal objetivo sensibilizar e capacitar os participantes para a defesa do acesso à água como direito humano, foi realizado em um contexto crítico de seca e desafios ambientais na região amazônica. Para o Pe. Adriano Luís Hahn, SJ, coordenador de Projetos do SARES, a formação buscou enfatizar a importância da água para a vida e o compromisso de tratá-la como um direito essencial. “A água não deve ser vista apenas como uma mercadoria, mas como um direito humano vital”, destacou o jesuíta.
Reflexões e ações concretas
A doutora em História da Igreja na Amazônia, Elisângela Maciel, coordenadora de Pesquisa e Extensão da Faculdade Católica do Amazonas, destacou a profundidade da formação. Segundo ela, o curso foi muito mais do que um espaço de debate: “Queremos que ele faça sentido para a vida dos alunos, nas comunidades onde atuam e nos projetos que já desenvolvem ou pretendem realizar. Essa experiência nos dá esperança, conectando pessoas e multiplicando ações em prol da defesa da água”, afirmou.
Entre os participantes, Ivone de Souza, natural de Volta Redonda (RJ) e residente em São Paulo, elogiou a qualidade do curso. “Aprendi muito com os professores e colegas, especialmente sobre os desafios enfrentados pelas populações ribeirinhas na Amazônia. Espero poder retribuir esse aprendizado em algum momento”, disse.
Já Ligia Kloster Apel, da Assessoria de Comunicação do CIMI Regional Norte 1, ressaltou a relevância do tema para sua atuação junto aos povos indígenas. “O curso nos trouxe subsídios e reflexões que já estão se transformando em ações. Ele renova nossa esperança e fortalece o compromisso com a defesa das águas como bem comum.”
Conteúdo e metodologia
Com aulas ministradas por especialistas de instituições como a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), o curso foi dividido em seis módulos. Entre os temas abordados estavam conflitos hídricos, agroecologia e a luta das mulheres pelo direito à água. Para obter a certificação, os participantes precisaram cumprir pelo menos 75% da carga horária e concluir o trabalho final.
Pe. Adriano destacou ainda a importância da formação no contexto das Preferências Apostólicas da Companhia de Jesus, especialmente no cuidado com a Casa Comum. “Discutir o acesso à água limpa é vital, pois a Amazônia enfrenta problemas ambientais graves, que afetam diretamente a vida de sua população.”