Sares fortalece atuação por meio de parcerias acadêmicas na Amazônia

Curso sobre o direito humano à água, em parceria com a Faculdade Católica do Amazonas, exemplifica articulação entre ciência e comunidade

O Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares) tem intensificado sua articulação com instituições acadêmicas como forma de qualificar suas ações formativas e aprofundar o diálogo entre saberes. Essas parcerias são fundamentais para promover espaços de reflexão crítica sobre a realidade amazônica, como evidencia o curso de extensão Direito Humano à Água na Amazônia, realizado em parceria com a Faculdade Católica do Amazonas.

Com temas que vão da preservação dos recursos hídricos às ameaças da privatização do saneamento, o curso é voltado a lideranças comunitárias, ativistas, acadêmicos e agentes pastorais. A formação acontece entre 19 de março e 30 de abril e tem sido marcada pela participação de especialistas de destaque, que fortalecem o vínculo entre conhecimento científico, experiência comunitária e incidência política.

Um dos nomes que contribuíram para esse processo foi o professor Henrique dos Santos Pereira, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), que ministrou a aula Mudanças Climáticas e Impactos sobre os Recursos Hídricos da Amazônia, no dia 9 de abril. Reconhecido por sua trajetória na pesquisa científica e por sua atuação pública — incluindo a participação na visita do ex-presidente norte-americano Joe Biden à região em novembro de 2024 —, Henrique trouxe uma abordagem integrada e atualizada sobre os desafios que ameaçam a segurança hídrica da Amazônia.

“Foi um grande prazer participar como professor deste curso de extensão, que trata de um tema contemporâneo e importantíssimo para a sociedade amazônica, brasileira e global: a gestão integrada e sustentável dos recursos hídricos. Entender como as ações humanas afetam o ciclo hidrológico abre perspectivas para pensarmos soluções diante das crises ambientais contemporâneas”, afirmou.

A diversidade de vozes também marcou o curso. A professora indígena Eva Canoé, da etnia Kanoé e membro do Conselho OPIROMA (Organização dos Povos Indígenas da Região do Médio Amazonas), destacou a relação das populações tradicionais com a água em sua aula sobre Povos e Comunidades Tradicionais e o Direito à Água.

“A água é um bem comum de todos. Foi criada por Deus para que todos nós — seres humanos, animais, todos os seres vivos — pudéssemos usufruir. Mas, para isso, é preciso cuidar e proteger. Precisamos pensar no que queremos deixar para as futuras gerações”, afirmou.

Também participou do curso a professora Solange Damasceno, bióloga, doutora em Sociedade e Cultura na Amazônia e ex-vice-presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Tarumã-Açu. Em sua aula sobre Políticas Públicas e Governança da Água na Amazônia, ela destacou a importância do curso como espaço de aprendizado e troca de experiências:

“Este é um curso que merece um cuidado especial, para que não seja apenas um espaço de aprendizado, mas também uma oportunidade de troca de informações entre todos os participantes.”

Parcerias como essa têm permitido ao Sares ampliar sua atuação como articulador entre a academia e as comunidades. A colaboração com a Faculdade Católica do Amazonas, por exemplo, tem resultado em conteúdos formativos que dialogam com a realidade da região e fortalecem a mobilização social em defesa do direito à água.

Além de Henrique, Eva e Solange, o curso conta com contribuições de nomes como Elisângela Maciel, doutora em História da Igreja na Amazônia e coordenadora de pesquisa e extensão da Faculdade Católica do Amazonas; Franco Lindemberg, pesquisador e ativista socioambiental; e Pe. Sandoval Rocha, SJ, representante do Fórum das Águas. Por meio dessas conexões, o Sares reafirma seu papel estratégico na construção de um território amazônico mais justo, onde o acesso à água seja garantido como direito e não tratado como mercadoria.

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ascom

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