Sares assessora I Encontro de Diálogos e Elaboração do Projeto Político Pedagógico Indígena em Manaus

Evento fortalece a implementação da Lei 2.781/2021, que cria a Escola Indígena Municipal e assegura a valorização da língua materna e dos saberes tradicionais

O Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares) assessorou, entre os dias 9 e 12 de setembro, o I Encontro de Diálogos e Elaboração do Projeto Político Pedagógico Indígena (PPPI) dos Espaços de Estudos da Língua Materna e Conhecimentos Tradicionais Indígenas (EELMCT), realizado na Chácara Dom Luciano, Km 43 da rodovia AM-010, em Manaus (AM). Esse foi o primeiro de seis encontros previstos para a construção coletiva dessa política educacional.

O encontro representa um passo fundamental para a consolidação da Escola Indígena Municipal, criada pela Lei Municipal nº 2.781/2021, que reconhece oficialmente o direito à educação indígena diferenciada e garante a inclusão, nos currículos, dos saberes tradicionais e das línguas maternas. A legislação é um marco para a valorização das identidades e culturas indígenas no município de Manaus, fortalecendo o protagonismo dos povos originários na construção de seus próprios processos educativos.

A atividade foi organizada pela Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (COPIME), instituição representativa que reúne cerca de 35 mil indígenas de diferentes povos, comunidades, aldeias, associações e famílias da região. A COPIME integra a Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (APIAM) e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), que representa 58 organizações indígenas de 54 povos e 36 línguas maternas.

Para a coordenadora-geral da COPIME, Marcivana Sateré-Mawé, o encontro marca um passo histórico na luta do movimento indígena de Manaus: “Estamos na luta pela construção da primeira escola indígena na cidade de Manaus, em área urbana, um projeto inovador em nível nacional e fruto da mobilização do movimento indígena. Nada melhor do que a própria base dessa escola — professores indígenas, lideranças, juventude e pais das crianças — dialogarem sobre como queremos que essa escola funcione.”

A programação reuniu lideranças, professores e representantes de organizações indígenas, consolidando um espaço de diálogo e participação coletiva. Na mesa de abertura, o diretor do Sares, Silvio Marques, SJ, destacou o compromisso da instituição com a justiça socioambiental, a educação e os direitos dos povos indígenas: “Nós do Sares temos trabalhado a partir de dois grandes focos: os direitos indígenas, especialmente no campo da educação, e a valorização das mulheres. Nossa ação é fundamentada na luta contra as injustiças socioambientais, aquilo que chamamos de racismo ambiental. Este se manifesta em três dimensões: na necropolítica, que ameaça os direitos dos povos indígenas; em um sistema econômico que coloca o lucro acima da vida; e na violência de Estado, que segue atingindo comunidades tradicionais. Seguimos juntos nessa caminhada pela justiça socioambiental”, afirmou.

Representando o Sares durante todos os dias de encontro, a educadora socioambiental e pedagoga Mercy Soares contribuiu ativamente nos diálogos e na construção coletiva e participativa do PPPI.

O Sares reafirma o apoio à implementação da Lei nº 2.781/2021 e o compromisso com a valorização dos saberes tradicionais, da língua materna e da educação indígena, pilares fundamentais para o fortalecimento das identidades e dos direitos dos povos originários na Amazônia. Essa atuação também se articula com a Rede Jesuíta de Justiça Socioambiental (RJSA), que incide na garantia de direitos socioambientais na Amazônia, especialmente os direitos dos povos indígenas, da qual o Sares faz parte.

 

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