O Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares) foi uma das organizações responsáveis pela pesquisa Extrativismo, Mulheres e Resistência, que investigou os desafios enfrentados por mulheres indígenas em territórios da Guatemala, Brasil e Bolívia. O estudo, realizado ao longo de 2024 pela Rede de Solidariedade e Apostolado Indígena (RSAI) e pela Rede de Centros Sociais (RCS), ambas vinculadas à CPAL (Conferência dos Provinciais da América Latina e do Caribe), contou com o apoio de diversas instituições.
A pesquisa abordou os impactos do extrativismo no cotidiano das mulheres indígenas, enfocando questões como violência, saúde e a preservação cultural. Entre os territórios analisados estão San Pedro Ayampuc e San José del Golfo (Guatemala), a Floresta Chiquitana (Bolívia) e a aldeia do povo Mura no Lago dos Soares, em Autazes (Brasil). Além disso, representantes de países como Peru, Paraguai e Venezuela também participaram do levantamento. Os resultados foram apresentados no canal Somos Jesuitas da CPAL no YouTube, no dia 19 de novembro de 2024.
No Brasil, o Sares liderou a pesquisa na aldeia do Lago dos Soares, em Autazes, junto às mulheres do povo Mura. O jesuíta Silvio Marques, diretor do Sares, destacou a importância do trabalho: “Foi um projeto único, abrangendo três países e focando nos impactos do extrativismo sobre as mulheres indígenas e suas formas de resistência. Aqui no Brasil, identificamos consequências alarmantes, especialmente relacionadas à violência e à saúde. Essas mulheres enfrentam opressões duplas: por serem indígenas e por serem mulheres, muitas vezes em contextos de extrema vulnerabilidade.”

Apesar das dificuldades, o estudo também revelou a resiliência das mulheres indígenas. Silvio afirmou: “Elas são verdadeiras guerreiras. Mesmo diante de tantos desafios, mostram-se conscientes de seu papel como guardiãs de sua cultura, religião e língua. Demonstram força e determinação para manter vivas suas tradições.”
Principais conclusões da pesquisa
Entre os resultados apresentados, destacam-se:
- Violência: Assédio, discriminação e violência contra mulheres indígenas são comuns, especialmente com a chegada de empreendimentos extrativistas.
- Saúde: O impacto psicológico e social tem provocado problemas de saúde física e mental.
- Preservação cultural: A identidade cultural permanece um alicerce de resistência, mesmo diante de tantas adversidades.

Ações conjuntas para o futuro
A pesquisa foi possível graças à colaboração de organizações como o CIPCA, na Bolívia, a Vice-Reitoria Social da Universidade Rafael Landívar, na Guatemala, e a Fundação Centro Gumilla, na Venezuela. O próximo passo é ampliar a visibilidade dos impactos negativos do extrativismo, fortalecer as redes de apoio às mulheres indígenas e promover políticas públicas que garantam seus direitos e territórios.
A apresentação dos resultados representa um marco na luta por justiça socioambiental na América Latina. Como concluiu o jesuíta Silvio Marques: “Esse é um momento significativo para reconhecer a força dessas mulheres e os desafios que ainda enfrentam. A pesquisa reforça a urgência de unir esforços para proteger os povos originários e suas culturas.”